Colaborador do criador e protagonista Richard Gadd chegou a ser injustamente acusado de ser o abusador do caso verídico que inspirou a obra
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Netflix/Divulgação |
Completou nesta semana um mês do lançamento da minissérie de sete episódios Bebê Rena se transformou em um dos maiores fenômenos do ano e uma das mais vistas da história da Netflix. Criada e protagonizada pelo escocês Richard Gadd, baseada em sua perturbadora história real, a trama acompanha Donny, um barman aspirante a comediante que oferece uma bebida por conta da casa a uma mulher, Martha (Jessica Gunning), que chega ao balcão com feições tristes e solitárias. O que começa como uma possível amizade se transforma em um pesadelo a partir do momento em que a estranha passa a perseguir Donny, enviando mensagens sem parar e seguindo cada um de seus passos.
Dirigida por Weronika Tofilska (ep 1, 2, 3 e 4) e Josephine Bornebusch (ep 5, 6 e 7), Bebê Rena vem provocando grande comoção dentro e fora das redes sociais, com os internautas investigando elementos divulgados sobre o caso verídico que inspirou a história e descobrindo os nomes das pessoas reais envolvidas.
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A narrativa compreende os quatro anos perturbadores que o Richard Gadd passou cerca de uma década atrás, quando uma stalker a quem ele ofereceu um chá chegou a lhe enviar um total de 41.071 emails, 350 horas de áudios, 106 páginas em cartas e 46 mensagens de texto no Facebook. A suposta Martha da vida real, identificada como Fiona Harvey, soube através da repercussão da representação feita a partir da sua história, mas, em entrevista ao Daily Mail, a mulher negou o que estava sendo dito sobre ela, embora tenha admitido que não chegou a assistir à minissérie.
De acordo com a Netflix e Gadd, todos os nomes foram trocados e as providências necessárias foram tomadas para proteção das pessoas reais retratadas em Bebê Rena, mas a minissérie repercutiu de tal maneira que os internautas passaram a identificar paralelos entre as batidas do roteiro e as histórias reais.
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Um recente apontamento já reconhecido como falso é o de que o colaborador de Gadd, Sean Foley, seria o abusador retratado no controverso episódio 4 da minissérie, em que o público descobre o que aconteceu com Donny anos antes da perseguição por parte de Martha. Os ataques levaram ao próprio criador a se manifestar a fim de desmentir a onda de fake news espalhada nas redes sociais.
De acordo com Gadd, a intenção de Bebê Rena sempre foi dar visibilidade a casos de abuso sexual e demonstrar a que alguém que sofreu esse tipo de violência pode chegar a se submeter, seja por entender que merece passar por aquilo ou mesmo por sentir tamanha solidão que a perseguição de alguém como Martha preenche um vazio profundo.
A minissérie explora a ambiguidade dessas relações e faz o possível para que nenhum dos dois personagens centrais seja totalmente vilanizado ou vitimizado, como já chegou a relatar o próprio criador. “Eu não queria que fosse uma narrativa de vítima”, afirmou Gadd. “Acho que houve uma versão do programa em que me escondi um pouco dos meus próprios erros e ofereci a ela uma xícara de chá e sou um cara perfeito e legal. Mas cometi erros. E acho que a arte é bastante interessante quando você não sabe de quem está do lado. Você meio que sente pena de Martha, mas depois sente pena de Donny, e depois sente pena dela de novo, então você a odeia e o odeia”.